Dia 16 de fevereiro de 1913
Já esta tarde, daqui a meia hora esse dia se vai e vira dia 17, estou sozinha no meu quarto escuro encrevendo esta carta, que está sendo a primeira, a última, não me recordo, a idade não me permite lembrar, sob a luz da lamparina, a minha janela está semi-aberta e o único barulho que está por perto é o som do vento gelado que invade o meu quarto sem pedir permissão.
Estou cansada, meu corpo vai ficando cada dia mais pesadoe cada hora que passa mais leve de fome; fome por escolha, não tenho tempo pra perder, sono já não tenho como consegui-lo, ele foge de mim á algum tempo.
Nessa madrugada, vou-me andando, vou pegar o próximo trêmpra uma outra cidade e muitas pessoas irão me perguntar se eu não sinto falta daqui. No início direi que sim, certamente, afinal deixarei todos os que amo e o lugar de todos os meus sonhos, só que mais tarde me acostumarei com o meu novo lugar, com uma saudade da onde eu ainda deveria estar, mas começarei amar novas pessoas que me fazem muito feliz simplesmente com um sorriso.
Bom, não sei o que me espera nos próximos dias, muito menos nos próximos anos, estou nova demais pra viver em questão disso, mas nunca sem perder os meus sonhos, a única coisa que eu sei é que se eu não for agora, vai ser o meu trêm que não vai me esperar, pois meu futuro está quietinho lá a minha espera.

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